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Ataque dos Cães (Netflix) - Crítica

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Em meio às frias montanhas, utilizadas como cenário, somos convidados a acompanhar a vida de uma família de rancheiros, situada no período do auge da sociedade patriarcal. Embora, a princípio, esse ambiente não seja, necessariamente, algo fora do que já foi visto, “Ataque dos Cães” se aproveita bastante dele, para se criar como um filme único, cercado de tensões.


Benedict Cumberbatch é o encarregado do protagonismo da obra, trazendo aqui, talvez, sua melhor atuação da carreira, muito próximo de, no mínimo, uma indicação ao Oscar. Seu personagem é o exemplo máximo de masculinidade, mas que aos poucos vai se despindo, e começa a revelar traços únicos.


Jane Campion dirige e roteiriza o Western, em questão, e foca seu plot na relação difícil entre um rancheiro “bronco” e a nova esposa de seu irmão, vista como uma mulher do lar, que luta para cuidar bem de seu frágil filho.


Ambientada num cenário inóspito, a fotografia de Ari Wegner remete a todo o pessimismo promovido por “Ataque dos Cães”, que atinge seu auge máximo, ao combinar com as incríveis atuações de seu elenco. Além do já citado Cumberbatch, Kristen Dunst e Jesse Plemons entregam atuações tímidas, mas que garante uma boa química com o personagem principal. Embora a personagem de Dunst seja aproveitada, de maneira regular, melhor do que o de Plemons, que perde força no terceiro ato da trama.


O drama tem a identidade, como seu tema principal. Além de brincar com todos os conflitos, do qual sua busca pode gerar. O clima do filme é sempre tenso, não deixando o público descansar a nenhum instante.


Outro fator interessante está no uso do feminino, na trama. Todas as mulheres, aqui, são ignoradas e só tem como objetivo principal encontrar um marido ideal, para garantir a “felicidade completa”. Embora, na história principal, o sonho vire pesadelo, já que a personagem de Dunst sente-se só, e é ameaçada, psicologicamente, pelo cunhado.


Fugindo do comum, “Ataque dos Cães” traz um novo ar para o cinema, cercado por tramas formulaicas, que priorizam somente a bilheteria, desprendendo-se da busca por originalidade. Certamente, trata-se de uma das gratas surpresas de 2021.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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