Pular para o conteúdo principal

Ataque dos Cães (Netflix) - Crítica

cinemacomrapadura.com.br


Em meio às frias montanhas, utilizadas como cenário, somos convidados a acompanhar a vida de uma família de rancheiros, situada no período do auge da sociedade patriarcal. Embora, a princípio, esse ambiente não seja, necessariamente, algo fora do que já foi visto, “Ataque dos Cães” se aproveita bastante dele, para se criar como um filme único, cercado de tensões.


Benedict Cumberbatch é o encarregado do protagonismo da obra, trazendo aqui, talvez, sua melhor atuação da carreira, muito próximo de, no mínimo, uma indicação ao Oscar. Seu personagem é o exemplo máximo de masculinidade, mas que aos poucos vai se despindo, e começa a revelar traços únicos.


Jane Campion dirige e roteiriza o Western, em questão, e foca seu plot na relação difícil entre um rancheiro “bronco” e a nova esposa de seu irmão, vista como uma mulher do lar, que luta para cuidar bem de seu frágil filho.


Ambientada num cenário inóspito, a fotografia de Ari Wegner remete a todo o pessimismo promovido por “Ataque dos Cães”, que atinge seu auge máximo, ao combinar com as incríveis atuações de seu elenco. Além do já citado Cumberbatch, Kristen Dunst e Jesse Plemons entregam atuações tímidas, mas que garante uma boa química com o personagem principal. Embora a personagem de Dunst seja aproveitada, de maneira regular, melhor do que o de Plemons, que perde força no terceiro ato da trama.


O drama tem a identidade, como seu tema principal. Além de brincar com todos os conflitos, do qual sua busca pode gerar. O clima do filme é sempre tenso, não deixando o público descansar a nenhum instante.


Outro fator interessante está no uso do feminino, na trama. Todas as mulheres, aqui, são ignoradas e só tem como objetivo principal encontrar um marido ideal, para garantir a “felicidade completa”. Embora, na história principal, o sonho vire pesadelo, já que a personagem de Dunst sente-se só, e é ameaçada, psicologicamente, pelo cunhado.


Fugindo do comum, “Ataque dos Cães” traz um novo ar para o cinema, cercado por tramas formulaicas, que priorizam somente a bilheteria, desprendendo-se da busca por originalidade. Certamente, trata-se de uma das gratas surpresas de 2021.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Esposa (Crítica)

g1.globo.com “A Esposa” é o exemplo clássico de um filme comum, que tem uma história simples e nada edificante, mas que cresce com uma grande atuação, que nesse caso é Glenn Close. Aqui, Close entrega uma personagem magnífica e explosiva, utilizando-se da luta do feminismo, que cresce bastante nos últimos anos. A história do filme foca no casal Joan e Joe Castleman (Close e Jonathan Pryce). Ele é um escritor bem sucedido e aclamado, e ela, aos olhos da sociedade, é apenas a esposa. Entretanto, quando Joe está prestes a ganhar o Nobel de Literatura, a relação chega ao estopim. O longa foca nos momentos chaves da vida do casal, utilizando-se também de flashbacks , para mostrar o porquê da personalidade de cada um dos dois. Vemos como eles se conheceram, onde ele era um professor casado e ela, uma estudante sonhadora. Isso bate em cheio com o pensamento dela atual, de que se arrepende do caminho que trilhou ao lado do marido, como uma mera esposa, largando de vez sua carrei...

007 - Sem Tempo para Morrer (Crítica)

olhardigital.com.br É quase um consenso que para ser um 007 básico, você precisa de um terno preto, gravata borboleta, manusear bem armas, cabelo cortado e um charme próprio. Ainda assim, é possível dar originalidade a cada adaptação. Prova disso está no influenciador Sean Connery, no “sexy” Pierce Brosnan e no emotivo Daniel Craig, que fizeram com que a franquia pendurasse tanto tempo, entre nós. Vendido como a despedida de Craig no papel, “007 – Sem Tempo Para Morrer” começa com um Bond querendo se aposentar. Vivendo na Jamaica, junto de sua amada Madeleine (Léa Seydoux), James precisa voltar a ativa, quando é solicitado por Felix Leiter (Jeffrey Wright), membro da CIA. Leiter precisa que Bond o ajude a combater uma ameaça global, liderada por Lyutsifer Safin (Rami Malek), que está desenvolvendo uma tecnologia que pode destruir a humanidade. Além de Safin, Bond ainda precisa deter a Spectre, organização lá do filme anterior, que permanece na ativa. Aumentando ainda mais ...

Nada de Novo no Front (Netflix) – Crítica

cnnbrasil.com.br Como diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem” . Partindo dessa visão mais perversa da Guerra, surge “Nada de Novo no Front” , filme alemão épico de guerra da Netflix. Baseado no romance homônimo, de Erich Maria Remarque, o longa foca-se na história de Paul Baumer (Felix Kammerer), um jovem que acaba de chegar no exército alemão. Devoto fervoroso ao sentimento de patriotismo, ele nem imagina o que irá ter que passar, para que sobreviva, durante a Primeira Guerra Mundial. Essa surpresa vem muito pelo fato de estarmos diante da primeira grande guerra. Ou seja, os soldados, até então, não possuía um mínimo de ideia do que enfrentariam pela frente, já que só se ouvia as “glórias”, relatadas por seus superiores. Esse Ultranacionalismo, que é vendido, é posto, no filme, em todo o primeiro ato. Visivelmente em tela, a fotografia é esplêndida, focando no deslumbre de jovens sonhadores, que se veem...