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Cabeça de Nêgo é como é
chamado as bombas, semelhantes as de festas juninas, porém com maior força. Ou
seja, trata-se de algo com aparência inocente, mas que tem uma grande potência.
Essa definição se encaixa, perfeitamente, com o filme em questão, já que a obra
cearense retrata a juventude, como uma fase com muita capacidade, mas sem muito
crédito.
O filme, inclusive, aposta
nisso até em seu ritmo, já que sua narrativa cresce aos poucos, até sua grande
catarse. A trama gira em torno de Saulo (Lucas Ribeiro), um jovem raivoso, que
não aceita o racismo em que sofre, na escola, agindo de forma descontrolada e
impulsiva. Injustiçado, por não ser escutado, ele acaba se inspirando na
história dos Panteras Negras, e decide ocupar o colégio, como um meio de
atingir a transformação necessária.
A partir disso, a narrativa
anda e passa por toda a ocupação de Saulo. A história ganha traços de
investigação, à medida que o aluno vai passeando pela escola abandonada. Ele a
expõe, divulgando tudo que vê, na internet. Fica claro o descaso do sistema, já
que a corrupção atinge direto o ambiente físico.
Aos poucos, o diretor do longa,
Déo Cardoso, conquista o espectador, pela identificação rápida com seu protagonista.
Melhor ainda, quando ele afirma o uso da filosofia dos Panteras Negra, na
intenção de Saulo. Pena, que o filme, apesar de apresentar bem, não abraça,
completamente, isso.
Destaque também para o
terceiro ato, que referencia o cinema coletivista, muito usado nos primórdios
da sétima arte moderna, pelo diretor soviético Sergei Eisenstein. Mesmo tendo
Saulo como seu grande protagonista, no fim da narrativa, temos uma explosão
popular, onde a luta é de todos, inclusive do espectador.
Somando com as imagens
reais, usadas no fim da trama, nós somos convidados para essa luta, tão
necessária. “Cabeça de Nêgo”, mesmo com um pouco de didatismo exagerado,
atinge o êxito de impactar, fazer o espectador refletir, e convidá-lo para a
batalha, já que toda a ajuda é necessária.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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