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Se você desistiu, logo no início
de “Cobra Kai”, por seus diálogos pobres, sua trilha sonora brega e sua
trama “Malhação”, está perdendo um dos melhores desenvolvimento de
personagens, em termos de crescimento por temporada, dos últimos anos.
A série que começou humilde,
apenas querendo resgatar a rivalidade entre Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e
Johnny Lawrence (William Zabka), lá de “Karatê Kid – A Hora da Verdade”
(1984), agora, finalmente, sendo controlada pelas mãos da Netflix, conseguiu
atingir o equilíbrio necessário entre o fan service e a evolução de seus
personagens.
Essa quarta temporada já começa
com uma posição difícil: Revisitar o pior filme da franquia: “Karate Kid 3 –
O Desafio Final” (1989). Ao contrário do primeiro, e até de acertos do seu
anterior, o terceiro longa foi considerado fraco, muito por ter traído os ensinamentos
do seu projeto original. A trama tinha como plot fazer com que LaRusso se
revoltasse com os ensinamentos do Mestre Miyagi (Pat Morita), e ir treinar na “terrível”
Cobra Kai, sobre os planos do novo grande vilão cartunesco, Terry Silver
(Thomas Ian Griffith).
Outro desafio está em dividir
a narrativa da série, já que além de LaRusso e Lawrence, temos um elenco jovem
já estabelecido.
E, felizmente, a produção consegue
se equilibrar, e iniciar o processo de renovação, necessário para a
continuidade da série. A 4ª temporada de “Cobra Kai” é a mais corajosa,
até o momento. Todas as ações propostas reverberam na dinâmica dos personagens,
sem esquecer nenhum.
Ao referenciar o “pacto de
respeito” do primeiro filme, onde os dojos não poderiam se agredir até o torneio,
o estilo “Guerra Fria” faz com que os personagens tenham mais conflitos
psicológicos, do que físicos, durante a série.
Até mesmo, Silver, uma página
em branco, no terceiro filme, ganha em texto, aqui. Caricato no longa de 1989, o
personagem de Ian Griffith se mostra humanizado, mas também complexado, pelas
derrotas.
No elenco jovem, destaque
para o quarteto Tory (Peyton List), Samantha (Mary Mouser), Falcão (Jacob
Bertrand) e Robby (Tyler Buchanan). Em especial, o último, que finalmente ganha
corpo e personalidade. Seu papel como “mentor” de Kenny (Dallas Dupree Young) é
especial.
Embora acerte muito no
elenco periférico, o “até então” protagonista da série, Miguel Diaz (Xolo Maridueña),
é o que mais sofre no novo ano, pela perda de espaço. Ainda assim, ele ainda
rende boas cenas, principalmente na sua relação com seu sensei, Lawrence.
Mesmo com mudanças, “Cobra
Kai” ainda acerta no seu maior trunfo: Nostalgia e evolução de personagem.
Dosando um pouco melhor seus núcleos, sem querer abraçar todos, a expectativa é
excelente, para a próxima temporada. Apesar de pequenos erros cometidos aqui, o
futuro, no geral, ainda é promissor.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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