Pular para o conteúdo principal

Não Olhe para Cima (Netflix) – Crítica

netflix.com


É meio impossível acreditar, mas o diretor Adam McKay conseguiu lançar sua nova comédia, na época perfeita. “Não Olhe para Cima”, além do seu elenco estelar, composto por Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Rob Morgan, Cate Blanchett, Timothée Chalamet e outras grandes participações, possui um timing perfeito, com a nossa atualidade, principalmente no nosso aspecto pandêmico.


Pensada, a princípio, como uma discussão sobre o perigo do aquecimento global e das mudanças climáticas, McKay, que também produz e escreve o roteiro, traz como principal alegoria a ameaça de um asteroide, que está prestes a colidir com a Terra.


Porém, o mais importante não é falar sobre ele, mas sim sobre as inúmeras prováveis reações humanas, para tal fato. Seja dos negacionistas, daqueles que cobram do governo, ou da internet, onde circulam desde memes, até Fake News, contendo teorias conspiratórias. O mais irônico é saber que não havia como, McKay prever o mundo, em que vivemos hoje.


Nisso, o principal objetivo de “Não Olhe para Cima” é nos mostrar o lado mais sujo de parte da humanidade, no geral, que só pensa em si mesma, preocupando-se apenas com o dinheiro e criando milhares de teorias conspiratórias. Os personagens do filme, em questão, apesar, de no primeiro momento, serem apenas inspirações de paródias de programas de comédia, ganham corpo e possuem uma velha semelhança com inúmeros exemplos, do nosso dia a dia.


Apesar de propor uma excelente discussão, concomitantemente, surgia um grande desafio: Já que o mundo real é um verdadeiro absurdo, como “Não Olhe Para Cima” conseguiria inovar, em um longa de 2 horas e 18 minutos?


Lamentavelmente, apesar de um primeiro ato empolgante, “Não Olhe Para Cima” vai perdendo força, ao longo de seu curso. O roteiro de McKay não consegue ir além do óbvio, não trazendo a ousadia conhecida da filmografia do diretor.


Ainda que com um texto burocrático, há um certo espaço para o elenco elevar um pouco, a qualidade da produção. Jonah Hill e Mark Rylance entregam bem, o papel de viver personagens detestáveis, no sentido positivo. DiCaprio, apesar de não estar no alto nível, em que estamos acostumados, faz o arroz com feijão. Lawrence se esforça, mas o roteiro erra, principalmente, no terceiro ato, quando força uma carga emocional exagerada.


Já Chalamet, Streep, Morgan, Ron Perlman, Cate Blanchett, Tyler Perry, Ariana Grande e Scott Mescudi ganham uma esquete própria, cada um, para se apresentarem rapidamente e “darem um tchau”. McKay não consegue conectar seus personagens, e aqui talvez seja o grande problema.


“Não Olhe Para Cima” por parecer uma grande coleção de esquetes, se mostra um longa irregular, onde há momentos engraçados e outros tediosos.  Longe de ser um péssimo filme, justamente por esses momentos, porém um grande longa metragem (para fazer jus ao seu elenco estelar), também, é de se dizer, não é feito apenas com isso.



Nota: ⭐⭐ (Ruim)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Marcas da Maldição (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Mais de vinte anos, após a estreia de “A Bruxa de Blair” (1999), maior sucesso do gênero Terror com câmera na mão, a Netflix traz um novo filme com essa abordagem. O principal chamariz, para o longa dos anos 90, era a inauguração da onda de focar no uso de fitas abandonadas, com imagens de florestas assustador a s, onde habit avam maldições. Tentando retomar essa “ vibe” antiga, o diretor Kevin Ko lança seu “Marcas da Maldição” . O cineasta já é bastante conhecido, pelo talento de proporcionar “bons sustos” e criar uma atmosfera crescente, a partir de suas imagens. Em tela, é apresentado um ciclo, composto por pessoas curiosas, que se aproximam de lugares proibitivos, que acabam gerando situações amedrontadoras, como consequência as mesmas. Aqui, temos um grupo que tenta desmascarar casos sobrenaturais, para seu canal, no Youtube. Porém, eles acabam se envolvendo num ritual real, morrem e sobra apenas uma jovem mãe (Hsuan-yen Tsai), dos integrantes . ...

A Família Addams 2: Pé na Estrada (Crítica)

loucosporfilmes.net Só começar a música, que todos já começam a estalar os dedos. Nesse ritmo, chega, até nós, a sequência da animação de “A Família Addams” (2019), muito pelo sucesso desta primeira produção. Porém, o fator pandemia atrapalhou a MGM e Universal Pictures, na divulgação do longa. Mesmo depois de muita espera, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” conseguiu chegar aos cinemas, e, infelizmente, não passa nem perto, em termos de qualidade, de seu antecessor. A aposta da vez foi colocar nossa adorável família viajando, pelos Estados Unidos. Pena, que toda essa tentativa de road movie familiar não tenha nada de memorável. Apesar de bons momentos, se pegos isolados, tudo fica inserido num grande remendo. Ao final da história, fica a sensação de que o trio de roteiristas (Dan Hernandez, Benji Samit e Ben Queen) achou que apenas a força de seus personagens já iria satisfazer o espectador. A principal característica da franquia, sem dúvida, é de colocar seus protag...

Beckett (Netflix) – Crítica

aodisseia.com Um velho artifício para se produzir uma história, que prenda o espectador do início ao fim, é escolher uma trama que envolva paranoia e teorias da conspiração. Nessa “vibe”, a Netflix aposta em “Beckett” , um thriller que promete. Beckett é o nome do protagonista, interpretado por John David Washington ( “Infiltrado na Klan” ), que está de férias com a namorada, April (Alicia Vikander), em Atenas, na Grécia. Durante a hospedagem, em um hotel, eles ficam sabendo de um protesto, que irá ocorrer próximo, e então decidem viajar, de carro, para o interior. Porém, durante o trajeto, o casal sofre um acidente. Beckett perde a esposa e ele acaba vendo um menino ruivo, antes de desacordar. Depois de ser resgatado, Beckett se vê caçado, sem saber o porquê, e precisa lutar para chegar à embaixada americana, em Atenas. A direção de “Beckett” é comandada por Ferdinando Cito Filomarino, e possui dois grandes arcos. O primeiro foca mais nas férias felizes do casal protagoni...