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Red: Crescer é uma Fera (Disney+) - Crítica

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É inegável que a Pixar tem como maior trunfo a capacidade de pegar temas complexos e transmiti-los com simplicidade, em seus filmes. Seja a questão da morte, colocada em “Viva – A Vida é uma Festa” (2017), seja o propósito da humanidade, como visto em “Soul” (2020). Nesse embalo, temos “Red: Crescer é uma Fera”, animação encabeçada pela diretora Domee Shi, e que encara a missão de abordar um tema tão complexo, quanto a puberdade.


Essa comédia, focada numa jornada de amadurecimento, nos embarca na história de Mei (Rosalie Chiang), uma garota adolescente, canadense, que ama sua família. Ela passa o dia se dividindo entre a escola e a ajuda aos seus pais, que trabalham cuidando de um templo.


Quando não está nem com a família, nem estudando, ela sempre se encontra com as amigas, para escutar a sua banda favorita, 4town, uma boy-band de sucesso. Nisso, se abre uma nova fase da vida para Mei, onde ela também começa a se apaixonar e se libertar, mesmo com as cobranças diárias de sua mãe, Ming (Sandra Oh).


A questão central do filme, como já dito, é a cobrança, que muitos de nós passamos, de sermos perfeitos, e termos que sempre honrar nossas tradições familiares, mesmo em momentos em que não estamos plenos, para tais ações. A metáfora é clara, principalmente pelo fato da protagonista sempre se transformar num panda-vermelho gigante, quando evoca uma emoção muito forte. O vermelho, em questão, representa, claramente, o mix de sensações da puberdade, desde a irregularidade das emoções, passando pela menstruação e a descoberta da sexualidade.


E antes que pensem, a Pixar não foi para algo mais adulto, e fora do círculo infantil. Apenas trouxe temas necessários, de maneira zelosa e honesta. E talvez isso seja uma tendência para uma “nova Pixar”.


Pelo lado técnico, vemos referências claras aos animes, com suas feições cartunescas. Vindo de ótimos exemplos da rival Sony, como em “Homem-Aranha: No Aranhaverso” (2018) e “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” (2021), a Disney vê seu fotorrealismo não surpreender mais, e que Red pode ser um bom indício de que, às vezes, “quebrar fórmulas” pode funcionar também. Além de uma boa composição de cenas e uma ótima iluminação.


Mesmo assim, o filme não é perfeito. Ainda há alguns clichês familiares na trama, e resoluções simplórias, para temas que pareciam complexos.


No entanto, “Red: Crescer é uma Fera”, ao menos, é um grande acerto. Muito pelo fato de trabalhar tão bem, de forma menos dramática e mais natural, temas como adolescência e os efeitos da puberdade. E ainda sim, como um panda, temos uma aventura bem fofa.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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