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Já se passaram três anos, desde o lançamento da terceira (e última, até então) temporada de “Stranger Things”, um dos maiores fenômenos dos últimos anos, especialmente do catálogo da Netflix.
Em 2022, chegou o momento de retornarmos à Hawkins. E o projeto já aumenta o escopo. A começar pelo fato da quarta temporada, agora, ser dividida em dois volumes. O primeiro conta com sete episódios, todos tendo mais de uma hora de duração cada. Já o segundo, contará com mais dois episódios, sendo o último, de fato, com duração de 2h30. Nisso, já é possível afirmar, que temos a maior temporada, em tempo, da obra, até aqui, com 13 horas de trama.
Voltar a acompanhar nossas queridas crianças (que nem são tão mais crianças, assim), em mais uma aventura, nem é o grande problema. A questão maior fica pra escala ter aumentado, drasticamente. Exemplo disso, é a nova divisão de jornada, onde somos inseridos em mais de uma trama, em mais de um local.
No terror já conhecido, as referências desta temporada são mais brutais. São inúmeras citações a “Sexta-Feira 13” (1980) e “A Hora do Pesadelo” (1984), entre outros clássicos do cinema mais “gore”.
O ritmo desse primeiro volume, inclusive, é mais lento. Até demais, em alguns momentos, extrapolando o suspense e se tornando entediante, dependendo do núcleo. Nisso, a escolha por dividir os personagens, em núcleos, não foi tão acertada, pois cai na armadilha, difícil de se escapar, de uma subtrama ser mais interessante do que outra.
Pelo menos, algo que já é característico em “Stranger Things”, se mantém, aqui, que é a decisão de inserir novas peças no tabuleiro, no quesito de personagem. Isso é até compreensível, para garantir novas dinâmicas para as figuras já conhecidas. Porém esse primeiro volume não consegue trabalhar, igualmente, bem com todos os sub-plots, que vão sendo criados.
Mais especificamente, ao longo dos episódios, se criam três grandes núcleos, que vão revezando o momento em tela.
Temos um para a investigação de Joyce (Winona Ryder), que não acredita, ainda, na morte de Hopper (David Harbour), evento ocorrido na temporada anterior. Esse, especificamente, é o mais fraco, pois não há sentindo algum para acontecer e toda a aventura fica rodando em círculos.
Outro cenário é formado pelo retorno da amizade de Dustin (Gaten Matarazzo) e Steve (Joe Keery). Um acerto já visto desde a segunda temporada, que é usado novamente. A química entre os dois continua sendo a mais natural de todas, e flui perfeitamente. Além deles, temos as boas adições de Robin (Maya Hawke) e Nancy (Natalia Dyer), personagens já estabelecidas anteriormente, que ganha uma nova dinâmica interessante, com a dupla masculina, citada anteriormente. Pra completar o núcleo da cidade, ganhamos, ainda, a boa adição de Eddie Munson (Joseph Quinn), líder do Clube Hellfire, que já conquista o espectador de início, traçando paralelos com o RPG e a vida real. Sem dúvida, ficaria horas só assistindo esse plot.
O terceiro e último núcleo é composto por Mike (Finn Wolfhard) e Will (Noah Schnapp), destaques das temporadas anteriores, mas que com o crescimento da série vão perdendo cada vez mais espaço. Junto deles temos Jonathan (Charlie Heaton) e o novato Argyle (Eduardo Franco), os dois só aparecendo como alívio cômico, e não acrescentam muito.
Do restante, fica um outro destaque positivo, mas também outro negativo. Sadie Sink, como Max, é o maior acerto da temporada. Ela vende bem o sofrimento de sua personagem e se torna, rapidamente, a que gera maior empatia com o espectador. Já Millie Bobby Brown, até então grande estrela da série, tem a trama mais lenta. Tudo apresentado nela é demorado e só ganha o devido impacto, ao final. Ou seja, requer paciência do espectador.
E toda essa infinidade de aspectos a serem analisados, talvez seja a grande questão a ser debatida sobre “Stranger Things”. Gerou-se a reflexão de que o público, talvez, não tenha mais a paciência e o desejo, incessante, no modelo maratona, marca registrada da Netflix.
Ainda sim, “Stranger Things 4 – Volume 1” termina com o saldo positivo. Porém, sempre ficara a dúvida, de que, com a infinidade de informação jogada em tela, talvez a escolha por capítulos semanais, gerasse um maior impacto para o produto final, como um todo.
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