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Tico e Teco são dois esquilos espertos de desenho animado, criados pela Disney, em 1943. Em 1989, eles tiveram seu auge, ao estrelar sua própria série de TV, “Tico e Teco: Defensores da Lei”, onde a dupla resolvia mistérios criminais, durante 65 episódios.
Em 2020, durante um evento da Disney, o Disney Investors Day, foi anunciado um novo longa da dupla, para o serviço de streaming da casa, que prometia misturar elementos animados com live-action. Isso não chamou muito atenção, na época, pois já estamos meio extasiados, com projetos desse tipo, no cinema, que não deram em nada. Felizmente, essa descrença, inclusive usada como crítica social, em meio a Indústria Cinematográfica, se mostra um grande acerto, no novo longa do diretor Akiva Schaffer.
A nova aventura, brinca com a realidade, e se passa 30 anos após o cancelamento de “Defensores da Lei”. Embora brigados, Tico (John Mulaney) e Teco (Andy Samberg) precisam se aliar, após descobrirem que um amigo em comum foi raptado pela Gangue do Vale, uma organização criminosa que sequestra personagens animados endividados, e transformam eles em versões pirateadas deles mesmo, os obrigando a participar de filmes ilegais. Uma clara referência a indústria da Pirataria.
Tudo isso é ambientado num mundo, onde humanos e personagens animados convivem lado a lado. Embora animados, Tico e Teco possuem uma diferença. Teco tem um visual 3D, que é explicado, em texto, pelo personagem ter passado por uma cirurgia, enquanto Tico se mantém 2D, e hoje, trabalha numa firma de seguros.
A maior surpresa de “Tico e Teco: Defensores da Lei” é o fato do mesmo brincar, em forma de metalinguagem, com a insistência de Hollywood em reviver franquias, apelando para inúmeros reboots, em situações diversas. Tudo para forçar uma nostalgia excessiva.
Essa aposta, a princípio, parecia até perigosa. Mas ao contrário de exemplos anteriores, que apelaram demais para esse recurso, “Tico e Teco: Defensores da Lei” usa diversos personagens conhecidos, mas com um propósito.
Exemplo disso está no vilão do filme. Temos aqui, uma versão amargurada do Peter Pan (Will Arnett), que encaixa bem como o antagonista da trama. E para melhorar, aqui, curiosamente, se trata de uma clara referência ao dublador original do personagem clássico, Bobby Driscoll, que teve seu contrato com a Disney cancelado, por ter crescido, um tempo depois.
Embora, muito divertido, o filme não é perfeito. Um erro recorrente, nesse tipo de projeto, também acontece, aqui. Trata-se da inserção de personagens humanos a trama, que não possuem o mesmo carisma dos protagonistas.
Ainda sim, inseridos num Universo, cercado de projetos semelhantes, que decepcionam, “Tico e Teco: Defensores da Lei” é a grande surpresa positiva do ano, até o momento.
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