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Já no primeiro episódio, “Ms. Marvel” mostra o desabafo de sua protagonista, Kamala Khan (Iman Vellani), que não se acha digna de salvar o mundo, pois é uma menina muçulmana de Nova Jersey, bem diferente do “perfil” dos Vingadores. Uma fala simples, mas que já inicia, brilhantemente, a jornada de uma protagonista, que estreia no Universo Cinematográfico Marvel. Ainda, que para a sorte do público, Kamala esteja, completamente, equivocada.
A heroína adolescente é um fenômeno nos quadrinhos, e trazia uma enorme expectativa para sua adaptação, no live-action. Principalmente, por trazer uma nova abordagem ao Marvel Studios, focada no público mais jovem.
Embora, logo no primeiro episódio, “Ms. Marvel” já atinja além do esperado, buscando retratar uma jornada mais íntima de uma garota, em busca de achar sua própria identidade. Isso é refletido de forma bastante acertada, ao meio de referências a novos elementos culturais e étnicos, que enriquecem a trama. Além do que, nada é gratuito, e todo esse discurso representativo serve também para dar propósito a nossa protagonista.
Ainda que peque bastante nas subtramas, o principal, a jornada da Kamala Khan, funciona. Desde o início, entendemos que estamos acompanhando a história de uma menina, filha de paquistaneses, que convive tanto na cultura familiar, quanto no dia a dia com os amigos, norte-americanos.
Bom lembrar, que nada disso funcionaria tão bem, senão fosse sua intérprete. A atriz Iman Vellani abraça o tema, de uma forma linda. Ela incorpora, perfeitamente, a jovem perdida, entre dois mundos. Além, claro, de exalar carisma, desde sempre. O espectador sempre quer estar com ela, e isso é um baita trunfo. Sem dúvida, Vellani é o maior acerto da produção.
O background da protagonista também é interessante. O fato de se tratar de uma produção comandada por paquistaneses e muçulmanos, garantem uma maior fidelização a história. A showrunner Bisha K. Ali, por exemplo, é do Paquistão, e tem uma sensibilidade única a tratar do tema religião. Principalmente, quando mostra as dificuldades de ser muçulmano nos EUA.
Porém, nem tudo são flores. “Ms. Marvel” sofre com a “fórmula Marvel”, que tanto o estúdio vem adotando, e que vem prejudicando várias de suas produções. É bem triste, os inúmeros momentos em que a busca da identidade, pela protagonista, precisa ser ofuscada pela inserção dos elementos dos quadrinhos.
Todo o arco envolvendo os vilões da série, os Clandestinos, não possuem nenhum sentido de existência. O grupo, comandado por Najma (Nimra Bucha), só sabe correr atrás da protagonista, e não engrandece nada, para o final da jornada de Kamala. Tanto que os dois episódios, focados neles, são os piores. E para uma série de apenas seis capítulos, você perder dois já é um grande demérito.
Fica claro, a sensação de que todo o mistério serviu apenas para referenciar os quadrinhos e forçar uma infinidade de situações, a serem resolvidas no último episódio. Uma estrutura batida, que o Marvel Studios vem repetindo em todas as suas séries.
No fim, “Ms. Marvel”, pelo menos, cumpre sua principal tarefa, de apresentar Kamala Khan ao MCU, mirando no público mais jovem. Além do que, nos mostra, que qualquer um pode ser um herói, independente da cor, sotaque, pois são esses fatores que nos fazem seres únicos. Ou seja: Somos os heróis de nossas próprias histórias.
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