Pular para o conteúdo principal

Ms. Marvel (Disney+) - 1ª Temporada (Crítica)

einerd.com.br

Já no primeiro episódio, “Ms. Marvel” mostra o desabafo de sua protagonista, Kamala Khan (Iman Vellani), que não se acha digna de salvar o mundo, pois é uma menina muçulmana de Nova Jersey, bem diferente do “perfil” dos Vingadores. Uma fala simples, mas que já inicia, brilhantemente, a jornada de uma protagonista, que estreia no Universo Cinematográfico Marvel. Ainda, que para a sorte do público, Kamala esteja, completamente, equivocada.


A heroína adolescente é um fenômeno nos quadrinhos, e trazia uma enorme expectativa para sua adaptação, no live-action. Principalmente, por trazer uma nova abordagem ao Marvel Studios, focada no público mais jovem.


Embora, logo no primeiro episódio, “Ms. Marvel” já atinja além do esperado, buscando retratar uma jornada mais íntima de uma garota, em busca de achar sua própria identidade. Isso é refletido de forma bastante acertada, ao meio de referências a novos elementos culturais e étnicos, que enriquecem a trama. Além do que, nada é gratuito, e todo esse discurso representativo serve também para dar propósito a nossa protagonista.


Ainda que peque bastante nas subtramas, o principal, a jornada da Kamala Khan, funciona. Desde o início, entendemos que estamos acompanhando a história de uma menina, filha de paquistaneses, que convive tanto na cultura familiar, quanto no dia a dia com os amigos, norte-americanos.


Bom lembrar, que nada disso funcionaria tão bem, senão fosse sua intérprete. A atriz Iman Vellani abraça o tema, de uma forma linda. Ela incorpora, perfeitamente, a jovem perdida, entre dois mundos. Além, claro, de exalar carisma, desde sempre. O espectador sempre quer estar com ela, e isso é um baita trunfo. Sem dúvida, Vellani é o maior acerto da produção.


O background da protagonista também é interessante. O fato de se tratar de uma produção comandada por paquistaneses e muçulmanos, garantem uma maior fidelização a história. A showrunner Bisha K. Ali, por exemplo, é do Paquistão, e tem uma sensibilidade única a tratar do tema religião. Principalmente, quando mostra as dificuldades de ser muçulmano nos EUA.


Porém, nem tudo são flores. “Ms. Marvel” sofre com a “fórmula Marvel”, que tanto o estúdio vem adotando, e que vem prejudicando várias de suas produções. É bem triste, os inúmeros momentos em que a busca da identidade, pela protagonista, precisa ser ofuscada pela inserção dos elementos dos quadrinhos.


Todo o arco envolvendo os vilões da série, os Clandestinos, não possuem nenhum sentido de existência. O grupo, comandado por Najma (Nimra Bucha), só sabe correr atrás da protagonista, e não engrandece nada, para o final da jornada de Kamala. Tanto que os dois episódios, focados neles, são os piores. E para uma série de apenas seis capítulos, você perder dois já é um grande demérito.


Fica claro, a sensação de que todo o mistério serviu apenas para referenciar os quadrinhos e forçar uma infinidade de situações, a serem resolvidas no último episódio. Uma estrutura batida, que o Marvel Studios vem repetindo em todas as suas séries.


No fim, “Ms. Marvel”, pelo menos, cumpre sua principal tarefa, de apresentar Kamala Khan ao MCU, mirando no público mais jovem. Além do que, nos mostra, que qualquer um pode ser um herói, independente da cor, sotaque, pois são esses fatores que nos fazem seres únicos. Ou seja: Somos os heróis de nossas próprias histórias.



Nota: ⭐⭐⭐ (Ok)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Arremessando Alto (Netflix) – Crítica

cinepop.com.br Embora tenha sucesso, de público diga se passagem, nas comédias, o ator Adam Sandler já não causa mais surpresa quando aposta em projetos mais dramáticos. Aliás, essas escolhas, geralmente, são acertadas. Ele já trabalhou com diretores do alto gabarito, como Paul Thomas Anderson ( “Embriagado de Amor” ), os Irmãos Safdie ( “Joias Brutas” ), Noah Baumbach ( “Os Meyerowitz” ), Jason Reitman ( “Homens, Mulheres e Filhos” ). Todos esses exemplos, longe da sua produtora, Happy Madison . Apesar da desconfiança, “Arremessando Alto” pode ser a exceção que confirma a regra, de que Sandler “não dá certo” produzindo e atuando, ao mesmo tempo. O filme, recém-lançado, na Netflix, traz um Adam Sandler mais próximo do real, já que o ator é um fã confesso de basquete. “Arremessando Alto” é dirigido por Jeremiah Zagar ( “We The Animals” ), e traz Sandler na pele de Stanley Surgerman, um olheiro do Philadelphia 76ers, tradicional clube da NBA, a principal Liga de Basquete Am

Continência ao Amor (Netflix) – Crítica

tecmundo.com.br “ Continência ao Amor” , sem dúvida, pelo menos, em termos de popularidade, é um dos maiores sucessos da Netflix, no ano. Liderando por semanas, em visualizações, o filme é do gênero romance, e apela para tropes básicos como: um casal formado por opostos, inicialmente precisando fingir um relacionamento, porém desenvolvendo maiores sentimentos. A direção é comandada por Elizabeth Allen Rosenbaum, experiente em produções focadas no público jovem. Aqui, ela, pela primeira vez, tenta trazer uma obra, um pouco, mais dramática, enquanto equilibra uma série de clichês. Embora tenha até êxito nisso, a primeiro momento, os desdobramentos, desse aspecto mais sério, não acompanham a narrativa. Na trama, em si, conhecemos Cassie (Sofia Carson), uma jovem latina e liberal, que encontra Luke (Nicholas Galitzine), um rapaz militar e conservador, que possui uma relação distante com seu pai. No sentido de apresentação de seus personagens, até que o filme funciona. O bás

Ghostbusters: Mais Além (Crítica)

cinepop.com.br Mais do que fantasmas, os cinéfilos tinham medo eram das continuações de “Caça-Fantasmas” (1984), que no filme original era estrelado por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Erine Hudson, com direção de Ivan Retiman.   Depois de tantas decepções, em suas sequências, será que precisaríamos de mais uma? A Sony acreditava que sim, e lançou “Ghostbusters: Mais Além” , que tenta homenagear o original, mas também seguir em frente, como o possível início de novas aventuras.   Na trama da vez, iniciamos com uma mãe viúva e seus dois filhos sendo obrigados a se mudarem, para uma casa isolada, no interior. Localizada na fazenda do avô das crianças, se descobre que o local possui uma ligação com o Universo dos Caças-Fantasmas.   A direção de “Ghostbusters: Mais Além” fica a cargo de Jason Reitman, filho do diretor dos originais, que recebe a incumbência de retomar a franquia do pai. Embora pareça apenas uma escolha pelo parentesco, é importante ressaltar que ele vem de traba