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O Telefone Preto (Crítica)

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Quem for para “O Telefone Preto”, mais novo lançamento do diretor Scott Derrickson (“Doutor Estranho”), esperando o estilo de terror apresentado, pelo cineasta, em “A Entidade” (2012), tome cuidado para não se decepcionar. Apesar de aqui, também se tratar do mesmo gênero, há muito mais ênfase na formação do suspense, do que no horror em si.


Desde o início, o espectador já sente uma atmosfera própria, que em alguns momentos, chega a referenciar “It: A Coisa” (2017). Ambas as histórias focam em crianças, habitantes de uma pequena cidade, que foram sequestradas e/ou mortas por uma figura macabra, que segurava balões. Tal semelhança só não é uma cópia descarada, pois o responsável pelo conto, que gerou o longa da vez, tratar-se de Joe Hill, filho de Stephen King, autor da obra principal.


Ainda que, “O Telefone Preto” abomine, desde o início, o fator nostálgico. Na história, acompanhamos Fiiney (Mason Thames), a mais nova vítima do Sequestrador (Ethan Hawke). Antes mesmo do rapto, ele já enfrentava os perigos do dia a dia, passando pelo bullying sofrido na escola, até o abuso de seu pai, em casa.


Chama a atenção o cenário escolhido, para retratar a vizinhança de Finney. Seu bairro é inóspito, frio e sem esperança. Algo que combina, perfeitamente, com o tipo de narrativa que Derrickson escolhe em aprofundar.


O terror não está apenas no grafismo exagerado, executado pelo Sequestrador, mas também no início da trama, onde se aborda a infância, naquele vilarejo. Curiosamente, é no cativeiro do psicopata, que Finney encontra a esperança, já que lá temos um telefone, que transmiti as vozes das vítimas anteriores do Sequestrador. E com o auxílio delas, Finney vai aprendendo a lidar com as dificuldades que encontra.


Essa escolha é perfeita para o objetivo central do filme. Porém, fica um pouco de frustração pelo mal aproveitamento de Hawke, durante, pelo menos, um terço do longa. Caracterizado pelas suas máscaras, a performance do vilão é icônica, e gera uma aflição ao espectador, em todas as suas aparições.


O foco, por outro lado, se dá mais para a jornada de sobrevivência, em si. Outro elemento paralelo está na trama religiosa, que circunda a irmã de Finney, Gwen (Madeleine McGraw), que nutre um sentimento de fé, de que vai encontrar seu irmão, algum dia. Ela é a chave para o amadurecimento, através da cumplicidade entre as crianças.


Apesar de não inovar, “O Telefone Preto” acerta na sua jornada, utilizando o elemento fantástico apenas como um acessório, pois o terror mais assustador está, muitas vezes, no que nos cerca, no nosso dia a dia.



Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)

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