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“Pantera Negra: Wakanda para Sempre”, sem dúvida, é um dos filmes mais problemáticos do Marvel Studios, em questões de produção. Isso, pelo fato da continuação de “Pantera Negra” (2018) não contar mais com o intérprete de seu protagonista, o ator Chadwick Boseman, que nos deixou em 2020.
Nisso, o Marvel Studios junto, é claro, do diretor Ryan Coogler, decidiu trazer o sentimento de perda e o impacto gerado pela mesma, também para a telona. Aqui, no longa, tudo é mais pesado e grave. Sem contar, que o filme original de 2018 já se contava com uma trama mais adulta e densa, pois abordava temas, não tão comuns ao gênero super-herói, tais como colonialismo e protecionismo.
Embora a tarefa, já se saiba, não ser fácil, louvar o que foi entregue, aqui, já é demais. O roteiro de “Wakanda para Sempre”, por exemplo, dá a sensação de não ter passado por necessárias correções. Temos aqui, personagens em excesso, núcleos sem peso dramáticos, que só existem para, como o dito popular, “encher linguiça”. Por que, por exemplo, tanto tempo de tela para Everett Ross (Martin Freeman), que não vai pra lugar algum, e não desenvolver e trazer para o principal o conflito raso entre Shuri (Letitia Wright) e Namor (Tenoch Huerta)?
É de se ressaltar que estamos diante vários blockbusters que não aprofundam tanto suas histórias. Porém, pelo visto em “Pantera Negra” (2018), que chegou até o Oscar, era de se esperar algo mais para esta sequência.
E olha que o problema passa longe de ser tempo. “Wakanda para Sempre” tem 160 minutos, porém o filme tem um ritmo bem moroso, e não sabe articular sua trama, preferindo, como já dito, atirar para muitos lados.
Por outro lado, fica o elogio para a forma como a produção trabalha o luto. Principalmente pelo trabalho do trio feminino, formado por Danai Gurira, Angela Bassett e Letitia Wright, que expressam a dor da perda, de forma emocional e física. Ainda nisso, destaque também para a direção de Coogler, que entende essa força, e estica, o quanto pode, os planos, buscando foco nos rostos de Okoye (Gurira), Ramonda (Bassett) e Shuri (Wright), dando impacto tanto nas suas vozes, quanto nos seus momentos de silêncio. São nesses momentos de pausa, que o filme brilha.
Entretanto, não é suficiente para elevar mais o filme, pois precisa-se dividir espaço com os outros sub-plots, que, não, necessariamente, respondem tão bem. Não tinha o por que, novamente, trazer a trama humana/americana. A Riri Williams (Dominique Thorne), por exemplo, só tá aqui pra dar o pontapé a história e depois some.
Sempre circunda a sensação de que a Marvel/Disney não confia na seriedade de seus temas principais. O potencial é gigantesco, porém não se desenvolve.
E fazendo um paralelo com os estágios do luto, “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” cumpre bem a primeira parte, porém faltou concluir o processo e se aceitar como um filme que perdeu seu protagonista e precisa seguir em frente.
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