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Sempre ouvi que a atuação perfeita é aquela menos parecida com “atuação”, e mais com o real. E muitas vezes, quando se acerta nesse quesito, problemas ao redor, podem até serem contornados. Exemplo disso, está no trabalho de Pedro Pascal (“The Mandalorian”) e Bella Ramsey (“Game of Thrones”), na primeira temporada de “The Last of Us”.
Inspirada no game homônimo, a adaptação da HBO tem como maior trunfo, usar o sentimento e o não-dito de maneira presente, e de fácil assimilação. O diretor Neil Druckmann (“Uncharted: Fora do Mapa”) utiliza bem o pano de fundo da ação pós-apocalíptica com zumbis, para focar nas conexões humanas. O que é fundamental para uma trama, desse gênero, funcionar.
O plot inicial não difere muito do jogo, onde acompanhamos Joel Miller (Pascal), um homem traumatizado pela perda da filha, que tem a tarefa de levar uma garota para uma longa viagem. A menina, em questão, é Ellie (Ramsey), uma adolescente carismática, que pode ser a chave para a cura de uma pandemia, que assola o planeta, há anos. Pandemia esta, oriunda de um fungo, o Cordyceps, que ao infectar seres humanos, os transformam em zumbis.
A história é focada na relação da dupla protagonista, que vai se formando, gradativamente. A cada novo episódio, traumas são compartilhados, e tanto eles, quanto nós, espectadores, vamos entendendo a personalidade da dupla.
“The Last of Us” não começa muito bem. O seu “primeiro ato” é marcado pela indecisão do tipo de narrativa a se abordar. Essa dúvida entre ir para o seriado, ou o “filme longo”, prejudica a aproximação entre os protagonistas, e causa um exagero no didatismo.
Porém, o ritmo engrena, ao longo dos episódios, e é auxiliado pelo excelente trabalho de Pascal e Ramsey. Ambos carismáticos, eles compensam bem a falta de originalidade, do texto. Aqui, vem o grande trunfo, pois é visível a profundidade em cada diálogo, pelo trabalho árduo na construção dos personagens. Pascal executa bem o papel do homem à procura de uma razão pra viver. Já Bella Ramsey, em sua Ellie, sabe mesclar os momentos dóceis e agressivos, que sua personagem passa.
No lado técnico, destaque para a trilha sonora de Gustavo Santaolalla, que sabe implementar a emoção, no momento certo. A fotografia, assinada por Ksenia Sereda, Eben Bolter, Christine A. Maier e Nadim Carlsen, mantém o alto nível da HBO.
“The Last of Us”, mesmo com esses poucos problemas citados, é encantadora, em sua maior parte. Graças aos seus dois astros. Nisso, há bastante espaço para evolução.
Nota: ⭐⭐⭐⭐ (Ótimo)
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